PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).
REFERÊNCIA:
http://www.pitoresco.com.br/art_data/japonesa/
As bases da arte japonesa
Uma série de princípios estéticos como o do miyabi (elegância refinada), mono no aware (pathos da natureza), wabi (prazer da tranqüilidade) e sabi (simplicidade elegante), às vezes de difícil compreensão no Ocidente, constituem as bases da arte japonesa, cuja característica essencial, desde os tempos mais remotos, é configurar um mundo de perfeita harmonia e serenidade.
Período pré-budista
Não se dispõem de muitas informações sobre a primitiva história cultural do Japão, mas os raros exemplos de arte pré-budista (ou seja, anteriores ao Século 6º) já exibem certas características especificamente nipônicas, expressadas na haniwa, figuras fúnebres de argila, e nos dotaku, sinos de bronze cobertos de inscrições.
O período pré-budista costuma ser dividido em três culturas distintas: a Jomon, de 2.500 a.C. até o Século 3º a.C.; a Yayoi, do Século 3º a.C. ao Século 3º da era cristã; e a Tumular ou Kofun, que medeia aproximadamente do ano 250 ao 500.
A cultura Jomon atingiu praticamente todo o arquipélago japonês. Os objetos artísticos eram principalmente peças cerâmicas (vasos e pequenas figuras), com decorações estriadas (jomon).
A cerâmica Yayoi é avermelhada e mais fina que a Jomon. Junto com a cerâmica, foram encontrados também dotaku e espelhos, armas, objetos de vidro e jade.
Como a nação japonesa se formou mediante sucessivas vagas de imigração oriundas da Indochina, Indonésia, ilhas do Pacífico e, a partir da era cristã, da Coréia, entre os Séculos 3º e 6º da era cristã estabeleceu-se a cultura eneolítica coreano-japonesa e nos dois países acham-se idênticos objetos de bronze (espadas, punhais, espelhos circulares etc.).
Na época Tumular ou Kofun, construíram-se grandes túmulos para nobres e príncipes, como a tumba de Nintoku Teano, com 2.718m de diâmetro e 21m de altura, que data provavelmente do ano 399 e tem as paredes cobertas de pinturas policrômicas rudimentares que representam sóis, triângulos e espirais. Várias haniwa foram encontradas perto de túmulos das cercanias de Yamoto.
Período Asuka (552-710)
A introdução do budismo no Japão, a partir do Século 6º, durante o chamado período Asuka (em que esta cidade foi a capital do país), deu grande impulso à arte em geral.
A escultura foi influenciada pelas artes chinesas Wei, Sui e Tang; no final do período, porém, tornou-se mais sensível e graciosa, adquirindo peculiaridades próprias.
Período Nara (710-794)
No Século 8º, a capital foi transferida para Nara, que se tornou o maior centro cultural, tão magnífico quanto Changan, a capital chinesa cujo modelo seguira.
A escultura floresceu, e a decoração dos principais edifícios foi feita em tons nuançados (ungen). As estátuas de meados do Século 8º, imponentes e agradáveis à vista, dão a sensação de movimento real.
Os materiais mais empregados são madeira pintada, laca, papier mâché, bronze e argila. Estátuas realistas e máscaras grotescas, usadas nas danças cômicas do gigaku, completam a produção escultórica.
Período Heian (794-1185)
Heianjo ou Hioto, cidade já construída sob a influência da família Fujiwara, tornou-se a capital a partir de 794.
O estilo japonês começou a libertar-se da influência chinesa, à medida que, na China, a dinastia Tang se enfraquecia.
Também a seita shigon inspirou importantes obras de arte, quase todas destruídas séculos depois.
A partir de 897 a família Fujiwara impôs ao país seu domínio e, paralelamente, um modelo estético que marcou todas as obras de arte: estas ganharam mais leveza e elegância, a policromia prevalece e as figuras humanas mostram-se de uma finura aristocrática, de linhas predominantemente femininas.
O maior pintor do Século 9º foi Kose Kanaoka, criador do estilo Kose. A ilustração de poemas e contos tornou-se então um gênero artístico muito apreciado. Esse tipo de pintura, em rolos de papel que se desdobravam, criava a sensação de movimento no espaço e sucessão no tempo.
Sob a hegemonia dos Fujiwaras, as artes floresceram. A planta em T do pavilhão do Fênix no templo Byodoin, entre Quioto e Nara, reproduz os palácios místicos do céu e ostenta um Amida de Jocho, escultor do Século 9º cuja concepção do Buda marcou a escultura religiosa do século XIX.
A prática de incrustar os olhos das estátuas começou no Século 12. As cores intensas da pintura Fujiwara são realçadas por folhas de ouro recortadas (kirikane).
Com a escola de Kasuga, começou a yamoto-e, pintura narrativa puramente japonesa que, segundo a tradição, foi inventada pelo pintor Tosa.
Período Kamakura (1192-1333)
Com a derrubada da família Fujiwara, Minamoto Yoritomo estabeleceu o xogunato e fixou-se em Kamakura.
O espírito vigoroso dessas gerações de guerreiros, que governaram o Japão nos 700 anos seguintes, traduziu-se no modo simples e desafetado de observar e expressar a natureza, o que transparece nas esculturas de Unkei (Os patriarcas da seita Hosso,
Os 12 acólitos de Fudo, A trovoada e o vento) e seus seguidores, nas pinturas em rolo (embaki), ainda próximas da arte chinesa do período Sung, e nas máscaras do bugaku, dança que veio substituir o gigaku.
O reatamento das relações com a China e a introdução do zen-budismo reforçaram então a influência chinesa (sobretudo Sung e Yüan), especialmente na pintura monocrômica de paisagens.
As maiores obras-primas da pintura narrativa -- Ban-Dainagon, Shigizan-engi, Taemamandara no engi --, foram produzidas em rolos de cerca de cinqüenta centímetros por 9 a 12m, de efeito quase fotográfico.
O Yamoto-e, do Século 13, superou mesmo os rolos chineses e narra acontecimentos históricos, biográficos e religiosos. Também a arte do retrato espelhou o novo realismo.
Período Muromachi (1338-1573)
Sob a hegemonia da família guerreira Ashikaga, Quioto, que fica no distrito de Muromachi, voltou a ser a capital do país.
A simplicidade do modo de vida dos samurais caiu em desuso, embora aumentasse o prestígio do zen-budismo, a cuja sombra as artes muito se desenvolveram.
A porcelana experimentou rápida evolução, em correlação com a cerimônia do chá (cha-no-yu). As porcelanas Imari e Satsuma, cujas formas se destinavam a ser apreciadas com os olhos e as mãos, denotam a influência chinesa.
Por essa época surgiu o Suiboku, estilo de pintura intimamente ligado ao zen-budismo e que apreciava as aguadas de nanquim em preto e branco.
O primeiro grande pintor dessa técnica foi Shubun. Destacou-se também Sesshu, "o pintor da chapada de tinta", que desenvolveu estilo mais pessoal.
A escola Kano de pintura surgiu pelas mãos de Kano Motonobu, no final de um período marcado pelo esvaziamento da pintura budista, e deu sabor japonês a um estilo essencialmente chinês.
Período Momoyama (1574- 1603)
A arte deste período, extraordinariamente vívida e brilhante, foi uma reação à severidade do estilo Ashikaga.
Os artistas da segunda e terceira geração da escola Kano inventaram os painéis desdobráveis de sete faces (conhecidos no Ocidente como biombos), que representavam cenas populares, mulheres, samurais e paisagens. Destinavam-se a ornamentar palácios e castelos, como o de Momoyama, que deu nome à fase.
O cristianismo, levado no Século 16 pelos portugueses, teve repercussões profundas na arte nacional. Os temas cristãos, copiados por artistas japoneses ocidentalizados, começaram a aparecer na pintura.
Embora a maior parte das obras desse período tenha sido destruída com a perseguição iniciada em 1638, dois exemplos do Século 17 sobreviveram: o Retrato de São Francisco Xavier (Museu de Kobe) e Os 15 mistérios do rosário (coleção Azuma). Tais obras, ao lado de cenas em estilo europeu, foram chamadas pinturas namban, ou seja, "dos bárbaros sulinos".
Entre os pintores japoneses impermeáveis à influência ocidental figuram os muralistas Eitoku, Chockuan, Sanraku e outros.
Honami Koetsu, pintor, gravador, calígrafo insuperável, ceramista e poeta, fundou com Sotatsu uma escola essencialmente nipônica.
A influência da escola Tosa fez-se sentir no tipo de pintura que ilustrou o começo do teatro profano (tagasode).
Período Edo (Ukiyo-e)
(1603 a 1868)
O período Edo foi dominado pela família guerreira dos Tokugawas, que escolheu a cidade de Edo (mais tarde Tóquio) como capital e impôs seu jugo ao país por mais de 250 anos.
No início da década de 1630, os cristãos foram perseguidos e expulsos, e o Japão cerrou as portas a todos os estrangeiros. Esse isolacionismo empobreceu as artes.
Ainda assim, os pintores Ogata Korin e Ogata Kenzan procuraram revitalizar a pintura Yamato-e e sobretudo Ike Yosa Buson, Uragami Gyokudo Taiga foram os melhores representantes da escola sulina Nanga.
Ike Yosa Buson, Uragami Gyokudo Taiga e Rosetsu, pintores das escolas Maruyama, conhecida também como Shijo, pregaram o estudo da natureza.
Os artistas da quarta geração Kano, com ateliês em Quioto, e os Tosa, em Sakai, aproximaram seus estilos. O mestre da época foi Tosa Mitsuoki, que se inspirou em lembranças da Idade Média e assuntos chineses.
A mais importante manifestação artística do período, porém, foi o estilo Ukiyo-e, cujo nome tem origem num provérbio japonês do Século 18 ("o mundo inspira desgosto").
Criado por Iwasa Matabei no final do Século 17 e imortalizado sobretudo através da estampa, o Ukiyo-e tornou-se muito popular no Ocidente e teve profunda influência sobre os impressionistas franceses.
O Ukiyo-e não foi uma escola como Tosa ou Kano, mas um movimento artístico que veio da época Momoyama e representou para a nova burguesia festas, cenas galantes e do teatro profano. Seu tema principal, porém, é a bijin-ga (mulher bonita).
Inicialmente limitada ao contraste entre preto e branco, a técnica foi aperfeiçoada e recebeu, a princípio, uma tonalidade alaranjada (tan-e), depois efeitos de vermelho, laranja, amarelo e púrpura (urushi-e).
Mais tarde, desenvolveram-se os processos benizuri-e (vermelho e verde) e nishiki-e (dez e mais tonalidades).
Entre os maiores artistas no gênero sobressaíram Kyionobu, Suzuki Harunobu, Koriyusai, Kiyonaga, Sunsho e Sharaku (os dois últimos famosos por seus relatos de atores), Kitagawa Utamaro (figuras femininas), Katsushika Hokusai e Ando Hiroshige (paisagens) e Igusa Kuniyoshi (figuras humanas).
Período Meiji (1868-1912)
A partir da dinastia Meiji, o Japão abriu suas portas ao Ocidente e passou a assimilar outras culturas contemporâneas, em processo contínuo que gerou uma simbiose muito particular entre tradição e modernidade.
No começo do período Meiji houve até mesmo repressão às artes tradicionais: a ação de Ernest Fenollosa, erudito americano, e os esforços do crítico de arte Okakura Kakuzo (ou Tenshin), conseguiram que governo e artistas tomassem providências para revitalizar o espírito da criação e preservar o patrimônio cultural do país.
Já no Século 20, sob a liderança de Yamamoto Kanae, um grupo de jovens gravadores treinados no Ocidente revigorou as artes gráficas japonesas.
O abstracionismo informal de Kosaka Gajin influenciou decisivamente a pintura ocidental, através dos Estados Unidos.
Entre os primeiros grandes inovadores, que neste século deram a pinturas japonesas fama internacional, estão artistas como Yukey Tejima e Yuchi Inuie. Artistas japoneses obtiveram prêmios internacionais, como Maeda, Yoshisighe Saito e Tadamaro Nogami.
Outras artes
A cerâmica, que já existia desde a época de Nara, teve seu apogeu entre os séculos 17 e 19.
Quanto aos metais, no fim do período Muromachi, já havia bules de ferro do ateliê Ashiya para a cerimônia do chá. No Século 17, foram criadas peças rebuscadas de bronze dourado ou esmaltado para os palácios Momoyama e para os mausoléus dos Tokugawa.
O uso da laca foi estritamente subordinado à utilidade do objeto. Do período Muromachi existem caixas de remédio em lacre preto e ouro fosco. As máscaras de laca para o teatro nô, muito populares no início do Século 15, praticamente desapareceram.
Fonte: Encyclopaedia Britannica do Brasil.
Periodo Edo (Ukiyo-e)
(1600-circa a 1867)
Ukiyo-e (pronuncia-se «ukioei») foi um estilo popular de arte no Japão durante o período Edo, barata e trazendo cenas da vida cotidiana (Edo, a nova capital do Japão, mais tarde passou a chamar-se Tóquio).
Esse nome (Ukiyo-e) pode ser traduzido como «mundo flutuante», um nome irônico dado ao planeta terra, que os budistas chamavam de «mundo do desgosto».
Ukiyo, em verdade, era o nome dado ao estilo de vida japonês nos centros urbanos, com seus figurinos, a alta sociedade e os prazeres da carte. O Ukiyo-e documenta essa era.
A arte Ukiyo-e é especialmente conhecida por impressões em blocos de madeira. Na medida em que o Japão começou a se abrir para o ocidente, após 1867, essas gravuras passaram a ser conhecidas, exercendo sua influência na arte européia, especialmente na França.
A essa releitura da arte japonesa, deu-se o nome de «japonismo». Entre os pintores influenciados pelo japonismo, pode-se citar Toulouse-Lautrec, Edgar Degas, Vincent van Gogh, James McNeill Whistler, bem como os artistas gráficos conhecidos por «Les Nabis».
Considera-se como formador da escola Ukiyo-e o artista do Século 17 Hishikawa Moronobu. Entre outros nomes que se tornaram famosos, pode-se citar Hiroshige, Hokusai, Utamaro e Sharaku.
Fonte: Artcyclopedia.
quarta-feira, 11 de abril de 2012
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