PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).
REFERÊNCIA:
http://www.historiadomundo.com.br/chinesa/arte-arquitetura-china.htm
Introdução.
arte e arquitetura da China desde a Idade da Pedra até o século XX, que representa as conquistas mais significativos da civilização mais antiga do mundo. O princípio fundamental de todos os aspectos da cultura chinesa é o equilíbrio harmônico e, assim, sua arte é uma sutil mistura de tradições e inovações, de idéias autóctones e estrangeiras, de imagens profanas e religiosas.
Desenvolvimento Histórico
Os imperadores chineses foram os primeiros e os mais assíduos mecenas artísticos. Muitos artistas e arquitetos eram empregados do governo que trabalhavam por encargo real. Em contraste, os artistas aficionados, que em muitos casos eram funcionários retirados ou exilados, podiam trabalhar sem as limitações que a corte impunha e suas obras refletiam um individualismo importante, alijado dos estilos imperiais. A subida ao trono ou a derrota das diferentes casas reais afetava profundamente o desenvolvimento da arte na China, mas todas elas compartilhavam o interesse de manter a tradição. Os governantes, sobretudo os que estabeleciam uma nova dinastia, ansiavam confirmar-se ante os olhos de seus súditos e a melhor maneira de conseguir seu apoio era dando prosseguimento às realizações artísticas das dinastias anteriores. A corte aceitava também as novas correntes procedentes da Índia e do Oriente Médio, porém cuidando de entrelaçar qualquer idéia inovadora em matéria de arte, religião e filosofia à trama já existente da vida chinesa.
Dinastia Shang
A civilização Shang (c. 1480-1050 a.C.) nasceu diretamente do desenvolvimento que teve lugar durante o período neolítico (4000-2000 a.C.), importante época na história da China. Neste período, com o começo da agricultura e da domesticação de animais, começaram a se estabelecer os povos. Com este novo sistema de vida, iniciaram-se os ritos funerários mais antigos que se conhecem. Os objetos de uso cotidiano eram enterrados com o defunto e, graças a isso, chegaram até nós em bom estado de conservação. As tumbas neolíticas têm revelado uma grande variedade de cerâmica, sobretudo grandes vasilhas pintadas, provavelmente urnas funerárias, e taças de argila negra polida, feitas no torno e talvez utilizadas em algum ritual.
Em 1975, os arqueólogos chineses que trabalhavam na região de Anyang descobriram a tumba da esposa favorita de um rei Shang, onde encontraram mais de 400 vasilhas de bronze e armas, além de 600 peças de jade e de pedra. A grande qualidade artística destes objetos, entre os quais havia figuras de jade e bronze lindamente talhadas com formas de animais e de pássaros, é uma prova do desenvolvimento da arte chinesa pertencente à primeira dinastia.
Dinastia Chou
Os reis Shang não puderam controlar o crescente poder da tribo vizinha, os Chou (c. 1027-256 a.C.), estabelecida em sua fronteira ocidental. Foi no ano de 1027 a.C. que os Chou conquistaram Anyang e assentaram sua dinastia na cidade. A arte do período Chou oriental posterior mostra a diversidade e a qualidade técnica características de toda a história da arte da China. Nas tumbas da dinastia Chou oriental descobriram-se pinturas sobre seda que constituem as mostras mais antigas desta técnica, assim como esculturas em madeira e obras de laca e cerâmica vitrificada que falam de novos desenvolvimentos técnicos e dos estilos artísticos.
Dinastias Quin e Han e as 6 Dinastias
A dinastia Quin teve um importante papel na história da China, apesar de sua brevidade (221-206 a.C.). O enfraquecimento político do império Chou oriental terminou com a consolidação do poder do imperador Quin Shi Huangdi, do qual procede o nome de China. Após sua morte, este poderoso governante foi enterrado na província norte-ocidental de Shanxi, num túmulo funerário maciço, descoberto recentemente. Nesta tumba real apareceram mais de 6.000 figuras de terracota (entre homens e cavalos), destinadas a proteger a cripta. Representam um dos regimentos do imperador, composto por oficiais perfeitamente equipados, aurigas, arqueiros e jovens soldados a pé. O exército estava pintado com uma ampla gama de cores brilhantes, que, com o passar do tempo, se apagaram.
Esta vasilha com orelhas, assim chamada pela forma de suas asas, foi feita na China durante a dinastia Han (206 a.C. -200 d.C.). Por fora, é feita em madeira laqueada em negro com detalhes em vermelho e, por dentro, em vermelho com detalhes em negro e ouro. É possível que tenha formado parte dos bens funerários que se enterravam com os mortos.
Iniciada em fins da dinastia Chou, a arte da pintura floresceu durante o período Han. Os temas mais freqüentes eram episódios da vida no além e lendas de antigos heróis. Essas pinturas revelam uma evidente intenção de representar o espaço e a distância. Também durante este período apareceram os primeiros elementos de representação da paisagem.
A riqueza da corte Han não pôde evitar a derrocada da dinastia no ano 220 a.C. Os séculos que se seguiram, durante os quais os clãs rivais trataram de controlar partes do Império, são conhecidos como o período das Seis Dinastias (220 a.C.-589 d.C.). Durante este período a arte recebeu a influência das novas idéias e de importantes progressos religiosos, como o confucionismo e o taoísmo, que propiciaram novos temas e estilos. O budismo, chegado à China da vizinha Índia, teve um profundo efeito sobre a arte do período das Seis Dinastias. Os primeiros exemplos da arte budista que vieram da China foram as estatuetas levadas pelos budistas indianos. No século IV, a afluência de estilos e de temas produziu uma nova categoria de arte e arquitetura budistas dentro da tradição chinesa. Na China Ocidental, todavia, podem ser contempladas, no mosteiro de Dun-huang, importantes pinturas murais baseadas em histórias sagradas.
Importante contribuição à arquitetura do período foi o pagode de madeira, baseado na stupa indiana, na torre da dinastia Han. No século VI, praticamente todas as facetas da vida cultural chinesa estavam inspiradas no budismo.
Ainda que a arte budista dominasse quase todas as obras das Seis Dinastias, também estava ocorrendo uma mudança nas tradições profanas. A esse período pertence Gu Kaizhi, considerado o pai da pintura paisagística. Também houve progressos no terreno da cerâmica. Os primeiros vasos reconhecíveis, chamados Yue-yao, são de grés vitrificado em verde e foram fabricados nos tornos da província de Zhejiang. Esta cerâmica era muito duradoura e utilizada, sobretudo, na fabricação de cuias e jarros que chegaram a ser exportados para lugares tão distantes como as Filipinas e o Egito.
Dinastia Tang
A dinastia Tang (618-907) propiciou um grande desenvolvimento artístico, sendo este período conhecido como a Idade de Ouro da China. O país havia se consolidado, em primeiro lugar durante o breve mandato da dinastia Sui (589-618) e, em segundo, já de forma mais segura, pelo jovem monarca Taizong, no ano 618. A estabilidade do governo e a conseqüente prosperidade econômica propiciaram um florescimento de todas as manifestações artísticas: pintura, cerâmica, música, poesia e artesanato em metais. Os budistas sofreram períodos de perseguição durante a era Tang, porém, na arte chinesa, a influência de sua religião perdurou. A pintura budista manteve sua importância durante o período Tang, mas a paisagem profana passou a dominar as artes pictóricas. São três os nomes de pintores conhecidos dessa época: Wang Wei, criador da paisagem monocromática, que preferia as paisagens nevadas, cheias de intimidade e de tranqüila melancolia; e, em contraste com seu estilo, Li Sixun e seu filho Li Zhaodao (ativos em 670-735), de caráter marcadamente monumental.
Nesse período, aperfeiçoou-se a pintura de retratos, iniciada na era Han. A inovação é a característica principal do período Tang em relação às artes decorativas. Os comerciantes e artesãos de diferentes nacionalidades trouxeram importantes influências procedentes do Oriente Médio, que estimularam a criação de novos estilos em metais e cerâmica. Os frascos de viagem e os pratos de ouro e prata, com grande variedade de formas, lembram as tradições da Ásia Central. Os vistosos jarros de louça, sobretudo jarras e vasilhas para beber, feitos a partir de protótipos de metal, lembram muito a ourivesaria persa. É importante a cerâmica desse período, pois, graças a uma técnica desenvolvida no sul da China, era possível a cozedura de uma substância branca, de grão fino, que hoje se conhece como porcelana.
Dinastia Song
Nos anos que se seguiram à queda do governo Tang, o território da China ficou reduzido, em conseqüência das invasões dos povos vizinhos. Os imperadores Song (960-1270) não eram tão poderosos como seus predecessores Han e Tang. Esforçaram-se para manter uma paz pouco sólida com seus quase sempre hostis vizinhos e as artes da época denotam uma introspeção e um refinamento cultivados como resposta à áspera realidade política. Os imperadores Song se caracterizavam pela erudição e muitos deles eram, inclusive, consumados artistas. Com freqüência, alude-se à pintura deste período, abundante em escolas e em estilos, como a maior realização da arte Song. Fundou-se uma academia real de pintura e a própria corte patrocinou numerosos artistas.
Durante esse período (960-1126), os pintores inclinavam-se a um estilo monumental, criando impressionantes panorâmicas. Artistas como Li Cheng, mestre dos planos horizontais e distantes (ativo no século X), e Fan Kuan, que segue fielmente a natureza (ativo no princípio do século XI), destacaram este estilo com suas vistas imponentes de escarpados rochosos, interrompidos por alguma cascata ou por algum grupo de figuras pequenas.
No século XII, a academia de pintura imperial criou um estilo de paisagem conhecido como escola de Ma-Xia, devido ao nome de seus principais representantes: Ma Yuan e Xia Gui. Estes criaram paisagens menos elaboradas, utilizando as sombras para sugerir a massa terrestre e para conferir à obra um aspecto ligeiro e etéreo.
A cerâmica dos períodos Song setentrional e meridional é comparável à pintura de paisagem no tocante à variedade e às realizações.
A tendência Song para o refinamento pode ser apreciada também no que diz respeito à arquitetura do período. Os estilos Tang foram se alongando e afinando e deram lugar a umas agulhas características do estilo Song. Os telhados curvos, típicos da arquitetura chinesa, alcançaram seu apogeu nesse período.
Dinastia Yuan
A invasão dos mongóis (1279-1368) produziu alterações na natureza da arte chinesa, sobretudo na pintura e na escultura. Embora os governantes estrangeiros tivessem interesse em perpetuar a cultura clássica chinesa, a maioria dos artistas não estava feliz na corte e se retirou. A pintura e a caligrafia se converteram em atividades destes ex-funcionários. Wenren hua, a arte dos aristocratas independentes durante a dinastia Song, foi, durante o período Yuan e o seguinte, a escola artística mais importante; continuavam sendo conhecidos como os eruditos e depreciavam os pintores que se vincularam à academia de conservadores e os imitadores.
Pintura do artista chinês Ma Yuan (século XIII), o pintor mais importante da dinastia Song setentrional. Este artista era conhecido por "Ma, o de uma esquina", porque, em suas pinturas, só chegava a uma esquina da tela, deixando o resto do quadro em branco.
Além da considerável diferença de estilo, a pincelada dos pintores wenren era mais acentuada e segura que a dos artistas Song meridionais. As rochas e as árvores, que na escola Ma-Xia se apresentam difusas, aparecem com força na obra dos pintores Yuan. Já não se utiliza a bruma para sugerir a distância e o infinito e a amplitude dá lugar a um interesse mais dramático pela forma. Huang Gong-wang, Ni Zan, Wu Zhen e Wang Meng representam a diversidade característica deste período.
Desde os tempos pré-Tang a caligrafia era considerada um ramo da pintura. Juntamente com a poesia e a música, constituía uma parte importante da formação intelectual dos cavaleiros. A caligrafia, como a pintura, dá mostras das possibilidades quase infinitas do pincel. A corte dos mongóis fez grandes progressos nas técnicas de fabricação da porcelana. Em meados do século XIV, foram fabricaram as primeiras mostras fechadas de porcelana decorada com cores aplicadas antes do vitrificado.
Os mongóis fizeram importantes incursões também no campo da arquitetura. Hoje se crê que as estruturas originais da capital mongol, Pequim, eram maiores que as estruturas Ming que as substituíram.
Dinastia Ming
O governo mongol terminou com o estabelecimento da dinastia chinesa Ming, que se estendeu entre os anos de 1368 e 1644. A corte fundou imediatamente a academia real de pintura, que atraiu, principalmente, os pintores de pássaros e de flores e os paisagistas da escola Ma-Xia. Do grupo que encabeçava os wenren Ming, chamado escola de Wu, saíram numerosos artistas importantes, entre os quais destacam-se Shen Chou e Wen Zengming. A pincelada de Shen Chou denota uma linha rigorosa, que proporciona claridade a suas obras, inspiradas com freqüência em temas cotidianos, como um grupo olhando a lua de um terraço. Wen Zengming preferia os temas de grande simplicidade, como uma árvore ou uma rocha, e sua obra transmite a força que vem da solidão, talvez como reflexo de seu desencanto com a vida na corte.
O período Ming é famoso por suas artes decorativas. Introduziu-se uma nova técnica: uma vez que a porcelana havia sido vitrificada e a cozedura feita à temperatura necessária, pintava-se a peça com esmalte da cor desejada e ela voltava ao forno uma segunda vez. Graças a este invento, podia-se decorar a mais fina cerâmica chinesa com uma infinita variedade de cores brilhantes.
Dinastia Oing
Os últimos anos da dinastia Ming foram marcados por grandes dissidências políticas internas. Esta situação era observada pela vizinha Dongbei Pingyuan ou Manchúria. Uma dinastia oriunda desta região, os Qing, aproveitando as revoltas, subiu ao poder em 1644 e nele se manteve até 1912. Desejosos de assimilar as tradições das dinastias anteriores, os governantes Qing abraçaram todos os aspectos da cultura chinesa.
A corte continuou patrocinando uma academia real de pintura, mas a qualidade de sua produção não ia além da boa imitação dos estilos Song.
O monge budista Kun Can trabalhava como os pintores Zen do período Song meridional. Muitas de suas figuras se apresentam distorcidas, embora não cheguem a ser abstratas, e seus pássaros e rochas, executados velozmente, conservam a forma orgânica.
As artes decorativas do período Qing denotam mais técnica que beleza. O processo de esmaltado se aperfeiçoou durante esta época.
Os estilos ornamentais preferidos na época Ming foram seguidos pelos artistas Qing nas obras com metais, no laqueado e no entalhe em jade. Eram únicos no minucioso trabalho com o cristal soprado. Os móveis de madeira decorados com laca, algumas vezes dourada, tinham grande aceitação na corte imperial e entre os funcionários ricos e os comerciantes.
Também na arquitetura continuaram muitas das tradições Ming. Os mongóis haviam rechaçado o delicado estilo Song, iniciando uma tendência às estruturas mais baixas e maciças, que fora adotada pelos arquitetos Ming, criadores de muitos edifícios retangulares. Os templos Ming conservaram alguns detalhes Song, como as figuras de madeira de seu interior pintadas com grande colorido. Já os imperadores Qing preferiam interiores amplos, quase monótonos, desprovidos de detalhes. Os palácios, muitos dos quais ainda existem na cidade de Pequim, são a marca especial da arquitetura Qing e se caracterizam pelas formas maciças, construídas numa estrita simetria. A cor desempenha um importante papel nesses edifícios de telhados dourados, com detalhes pintados em vermelho e com escadas de mármore branco.
Xangai teve sua origem há aproximadamente 5.000 anos, com um pequeno povoado de pescadores. A cidade cresceu até transformar-se no principal porto da China, no século XVII. Atualmente, é a maior cidade do país e a de maior densidade populacional. Muitos dos canais de Xangai facilitam o transporte de mercadorias dentro da cidade: na imagem, um canal atravessa um salão de chá (esquerda) no bairro velho.
Arte Chinesa no séc. XX
O forte sentimento de nacionalismo provocou ondas de instabilidade política que culminaram com a derrota da dinastia Qing em 1911. Com a fundação da República da China, sob o mandato de Sun Yat-sen, iniciaram-se as pressões para modernizar o país e aceitar muitas das idéias ocidentais, que, logicamente, afetaram também a arte. Muitos pintores foram estudar no exterior — primeiramente no Japão e depois na Europa, sobretudo em Paris. Ao regressar à China, introduziram numerosas inovações, como as cores atrevidas e outras características da pintura européia em matéria de pincelada, perspectiva e tendência à abstração. As artes decorativas, no entanto, absorveram menos a influência externa e seguiram a demanda dos estilos tradicionais, tanto para consumo interior quanto para tudo o que é exportado.
O estabelecimento da República Popular da China, em 1949, introduziu outro campo importante na arte e na cultura do país. Sob o mandato de Mao Tsé-tung, o conteúdo político foi incutido na pintura e nas artes decorativas. Os estilos pictóricos procediam das escolas posteriores à dinastia Qing, porém incluindo nos temas os louvores à reconstrução socialista. Muitas artes populares tradicionais, que não haviam sido reconhecidas como tais durante os períodos dinásticos, passaram a ocupar um lugar destacado. As artes têxtil, da cestaria, da joalheria e da gravura em madeira se somaram às da cerâmica, da laca e do entalhe em jade, ante a importância cobrada ao artesanato tanto para o uso interno quanto para a exportação. Depois da morte de Mao, ocorrida em 1976, a arte chinesa se apresenta menos politizada em todos os sentidos, o que permitirá julgar melhor sua evolução futura dentro do contexto de sua tradição histórica.
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